Por quanto tempo...

20-01-2011 00:18

 

Após ouvir um sermão no sepultamento de uma senhora de noventa e sete anos, fiquei pensando em algumas palavras que foram ditas. Nós vivemos preocupados com o ter, o acumular, sempre nos desdobrando para nada faltar aos nossos filhos, pais, irmãos e a nós mesmos. Mas, por quanto tempo estaremos aqui? Qual será nossa missão? O que deixaremos de legado aos nossos? Como se lembrarão de nós? Durante o seu discurso, o Diácono, comparou o tempo de vida por ele descrito como “missão”, desta idosa e de uma criança que havia partido prematuramente, tendo uma “missão curta”, enquanto, a senhora teve a sua cumprida e comprida. Achei realmente muito inteligente sua colocação e passei a pensar nos motivos que levam a preocuparmo-nos com tantas coisas que significam tão pouco e muitas vezes, nada para nós. Porque vivemos a observar, criticar as escolhas de outros? Levamos mais tempo trabalhando do que cuidando, amparando, aqueles que realmente precisam de nós! Claro que, não iremos viver em função da morte, mas, se eliminarmos de nossas mentes certas preocupações que não nos trazem benefício algum, com certeza sobrará tempo para dedicarmos a ajudar às pessoas, buscar a Deus, entendermos a nós mesmos e aos que nos cercam. Não sabemos para onde vamos e se vamos para algum lugar, mesmo porque, só saberemos após a morte e ninguém até hoje voltou para contar e caso volte que não venha contar a mim! De tudo que sabemos, sabemos apenas que um dia chegará a nossa vez e mesmo assim continuamos deixando de viver em detrimento do trabalho, do ter e acumular! Juntamos coisas que não levaremos a lugar algum! Acredito que se todos desejassem apenas ter o conforto necessário haveria menos pessoas solitárias, violentas, descrentes! As pessoas mais idosas, como esta senhora que teve uma missão comprida, geralmente, são muito sábias e não viviam buscando conhecimento em livros, sites e na maioria se quer sabiam ler. Contudo, elas viveram a vida em sua plenitude, sem se preocupar em juntar ou guardar nada! Geralmente eram ótimos vizinhos, daqueles que se preocupam com todos na comunidade onde viveram, dividiam o pouco que tinham e eram muito respeitados. Hoje, na maioria das vezes, as pessoas sequer sabem o nome dos seus vizinhos! Já não existe aquela figura mais velha e respeitada por todos! E sabe por quê? Não têm tempo! Mas, por quanto tempo?

Gérson Prado