Final de domingo!
Ouve-se apenas o silêncio ruidoso da rua! Ao longe, burburinhos de alguns que comentam e ainda comemoram o lindo dia de sol, contam suas alegrias, passeios, festas ou simplesmente curtem o descanso preguiçoso dominical. O comércio com suas portas fechadas em nada lembram as gargalhadas, histórias cantadas e contadas por todo o dia onde lá estava ela! Sim a companheira desinteressada que ouve atentamente nossas lamúrias, compartilha nossas alegrias, tristezas, angústias, desejos e prazeres! Aquela que mantem-se sempre imparcial, na sua frieza característica, mas, sempre ao nosso lado em todos os momentos. Sem distinguir, excluir, preferir ou preterir faz parte de todas as vidas, envolve-se em todos os assuntos, conhece tudo e a todos! Conhece todos os nossos sabores e dessabores! Adoça nossos lábios, faz-nos ser diferentes em diferentes momentos! Por vezes, torna o tímido, alegre, engraçado, descontraído... O agitado, de repente fica sonolento! Seu beijo refresca a alma, enaltece o espírito, infla de coragem, derruba preconceitos, nos leva a outro mundo! Como toda mulher é caprichosa! Não admite exageros! Apesar de estar todos os dias ao nosso lado, costuma vestir-se de noiva nas sextas-feiras, sábados e principalmente aos domingos! Sua calda branca-neve é algo encantador! Qual homem ao vê-la não sente a garganta secar, os lábios molharem e até mesmo os olhos marejarem? Objeto de desejo de homens e mulheres não se faz de rogada! Atira-se ao desfrute livre e ardorosamente! Após fazer literalmente nossas cabeças, pune ferozmente àqueles que ousam desafiar seus poderes! Ceifa vidas de pessoas que amamos, de pessoas que outros amam e muitas vezes a nossa própria!
É final de domingo e muitos usaram e abusaram da sua companhia, do seu tempero, do seu poder de manter-se quieta, ouvindo e vendo atentamente as atitudes daqueles que seduzidos por seu véu atiram-se a aventuras, acreditando possuírem o controle, assumem os riscos e acabam em pouco tempo, em alguns segundos, com sonhos, esperanças, vidas! Vencidos por uma mulher sem compaixão que nos leva da euforia, às lágrimas! Uma mulher que alguns chamam intimamente de bia, outros mais poderosos a chamam de cerva e ainda outros debochados, de gelada! Culpada? Que culpa tem uma mulher de despertar desejos em alguém? Que podemos fazer para evitar sermos dominados por este desejo irracional que nos leva a cometer atos inconsequentes? Primeiro agradecer: Obrigado cerveja nossa de cada dia! Segundo: Beba com moderação!
Gérson Prado